10 de junho - Turma B, registrando...
oi cauê!
Conversa na roda e experimentações de cena. Fiquei positivamente surpresa ao ver o encontro se iniciar com uma boa conversa - ao som de uma boa música de fundo -, e foi muito legal a forma como a conversa se desenrolou. A Vera "captou" exatamente o que acredito ser essencial a quem se dispõe a fazer teatro: os encontros levam cada um ao auto-conhecimento. Não é fácil, especialmente para pessoas que já têm toda uma vivência e longa bagagem de pensamentos pré-concebidos. Esses primeiros meses de encontro tiveram um saldo muito positivo, e conforme você próprio colocou, seria muito difícil propor um bate-papo tão aberto nos encontros iniciais (lembra de como eles se apresentaram ao grupo pela primeira vez?). Eu já esperava que eles se sentissem à vontade para se colocar em roda, pela forma como eles trabalham em grupo, mas é sempre gostoso ouvi-los mais e mais... Também é bacana eles observarem as próprias dificuldades - a Regina Célia dizendo que "ainda precisa se soltar mais", a Neusinha colocando que "nem sempre dá pra interpretar tão bem" -, mas é preciso que fique claro que essas dificuldades podem e devem ser superadas, e que eles mesmos, muitas vezes, não atentam para as dificuldades que já superaram; mais de uma vez ouvi comentários bem pertinentes durante a construção das cenas.
O texto do Moisés está ótimo, o enredo bem construído e a situação proposta bem respeitada. Notei que ambos os grupos tiveram a preocupação de colocar mais o corpo, mas em alguns casos ainda vemos a história ficar contida pela "ilustração verbal". Falas não definidas ainda é algo que os atrapalha, especialmente em situações de conflito, onde todos "batem-boca" e poucos se escutam (nada anormal!). Bem legal a idéia de puxar a cena proposta pelo Edson para uma comédia escrachada, essa turma tem bem a ver com isso! No geral, dificuldades bem comuns e com certeza estimulantes. ". Esse pessoal...
11 de junho - Turma A
Aquecendo o corpo e brincando com os personagens.
Muito bom o aquecimento inicial, percebi que a maioria estava bem confortável e que, embora em alguns ainda exista uma dose de ansiedade (conversas paralelas, comentários como "tomara que ele não me chame no exercício dos nomes"), a prontidão foi imediata quando você disse: "Vamos ver como vocês estão!", e chamou o primeiro nome. O mais importante não é jamais ter obstáculos, mas sim, se propor a participar e se sentir acima de qualquer obstáculo. Achei o máximo ver alguns deles auxiliando os colegas no exercício de entrega em duplas ("olha o quadril, você ainda quebra! pode vir, estou aqui e vou te segurar!"), sem ficar fixados aos padrões "forte/fraco", "pequeno/grande", "gordo/magro". É essencial que cada corpo esteja presente independente de volume e massa.
As entrevistas, dessa vez, fluiram mais: as perguntas estavam mais canalizadas, embora o Odail, por vezes, impusesse uma situação, em vez de propôr (como você disse). Mas sinto ele muito aberto a mudanças, e o grupo muito disposto a acatar sugestões. Agora que já temos alguns personagens, parece que a nuvem está se dissipando... Temos um grupo, de fato, se consolidando. As improvisações foram bem soltas, todos sendo bem "eles mesmos" em cena, o que mostra que estão se divertindo e que, com o tempo e mais ensaios, vão conseguir encontrar seus personagens e afiná-los cada vez mais. Mesmo nas entrevistas podemos ver muito deles mesmos, tanto que eles confundem o próprio nome com o dos personagens. Acho mais positivo esse caminho do que o inverso, quando o ator é "induzido" a compreender o personagem e se transformar nele da noite para o dia (seria possível, aliás?! é uma questão que coloco muito para mim mesma, como atriz). O corpo deles ainda ilustra muito a situação do personagem - por exemplo, o Zé do Burro fica sempre encolhido, o padre sempre ereto, a Marli sempre cantarolando -, mas isso é típico de primeiros experimentos, e é bem positivo se pensarmos que indica que eles compreenderam a história e os sentimentos dos envolvidos.
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