quarta-feira, 18 de junho de 2008

Sábios comentários da Mariana


10 de junho - Turma B, registrando...
oi cauê!
Conversa na roda e experimentações de cena. Fiquei positivamente surpresa ao ver o encontro se iniciar com uma boa conversa - ao som de uma boa música de fundo -, e foi muito legal a forma como a conversa se desenrolou. A Vera "captou" exatamente o que acredito ser essencial a quem se dispõe a fazer teatro: os encontros levam cada um ao auto-conhecimento. Não é fácil, especialmente para pessoas que já têm toda uma vivência e longa bagagem de pensamentos pré-concebidos. Esses primeiros meses de encontro tiveram um saldo muito positivo, e conforme você próprio colocou, seria muito difícil propor um bate-papo tão aberto nos encontros iniciais (lembra de como eles se apresentaram ao grupo pela primeira vez?). Eu já esperava que eles se sentissem à vontade para se colocar em roda, pela forma como eles trabalham em grupo, mas é sempre gostoso ouvi-los mais e mais... Também é bacana eles observarem as próprias dificuldades - a Regina Célia dizendo que "ainda precisa se soltar mais", a Neusinha colocando que "nem sempre dá pra interpretar tão bem" -, mas é preciso que fique claro que essas dificuldades podem e devem ser superadas, e que eles mesmos, muitas vezes, não atentam para as dificuldades que já superaram; mais de uma vez ouvi comentários bem pertinentes durante a construção das cenas.
O texto do Moisés está ótimo, o enredo bem construído e a situação proposta bem respeitada. Notei que ambos os grupos tiveram a preocupação de colocar mais o corpo, mas em alguns casos ainda vemos a história ficar contida pela "ilustração verbal". Falas não definidas ainda é algo que os atrapalha, especialmente em situações de conflito, onde todos "batem-boca" e poucos se escutam (nada anormal!). Bem legal a idéia de puxar a cena proposta pelo Edson para uma comédia escrachada, essa turma tem bem a ver com isso! No geral, dificuldades bem comuns e com certeza estimulantes. ". Esse pessoal...
11 de junho - Turma A
Aquecendo o corpo e brincando com os personagens.
Muito bom o aquecimento inicial, percebi que a maioria estava bem confortável e que, embora em alguns ainda exista uma dose de ansiedade (conversas paralelas, comentários como "tomara que ele não me chame no exercício dos nomes"), a prontidão foi imediata quando você disse: "Vamos ver como vocês estão!", e chamou o primeiro nome. O mais importante não é jamais ter obstáculos, mas sim, se propor a participar e se sentir acima de qualquer obstáculo. Achei o máximo ver alguns deles auxiliando os colegas no exercício de entrega em duplas ("olha o quadril, você ainda quebra! pode vir, estou aqui e vou te segurar!"), sem ficar fixados aos padrões "forte/fraco", "pequeno/grande", "gordo/magro". É essencial que cada corpo esteja presente independente de volume e massa.
As entrevistas, dessa vez, fluiram mais: as perguntas estavam mais canalizadas, embora o Odail, por vezes, impusesse uma situação, em vez de propôr (como você disse). Mas sinto ele muito aberto a mudanças, e o grupo muito disposto a acatar sugestões. Agora que já temos alguns personagens, parece que a nuvem está se dissipando... Temos um grupo, de fato, se consolidando. As improvisações foram bem soltas, todos sendo bem "eles mesmos" em cena, o que mostra que estão se divertindo e que, com o tempo e mais ensaios, vão conseguir encontrar seus personagens e afiná-los cada vez mais. Mesmo nas entrevistas podemos ver muito deles mesmos, tanto que eles confundem o próprio nome com o dos personagens. Acho mais positivo esse caminho do que o inverso, quando o ator é "induzido" a compreender o personagem e se transformar nele da noite para o dia (seria possível, aliás?! é uma questão que coloco muito para mim mesma, como atriz). O corpo deles ainda ilustra muito a situação do personagem - por exemplo, o Zé do Burro fica sempre encolhido, o padre sempre ereto, a Marli sempre cantarolando -, mas isso é típico de primeiros experimentos, e é bem positivo se pensarmos que indica que eles compreenderam a história e os sentimentos dos envolvidos.

terça-feira, 10 de junho de 2008

A palavra é a bola da vez!



04 de junho - Turma A, registrando...

Olha o Bertola segurando com firmeza a "bola" jogada contra o seu gol (foto ao lado)! Mas o que isso tem a ver com o teatro? No nosso último encontro, em um dos exercícios executados, nos dedicamos ao foco na palavra como parte do treinamento para a montagem do espetáculo em preparação. Sim, assim como o olhar a palavra precisa ter foco, objetivo para ser entendida (foneticamente) e compreendida (conceitualmente). Para isso não basta apenas emitir um som, mas todo corpo dar base e sentido para o que está sendo dito. E do outro lado, um corpo em estado de escuta completa, atento a "pegar" qualquer palavra a ele dirigido. Foi assim que brincamos, subvertendo a palavra em bola; a respiração, cordas vocais, boca, músculos, ossos e pele em jogador; e a audição, o olhar e disponibilidade corporal em goleiro. A galera toda vibrou muito. Depois desse aquecimento especial e multifuncional, partimos para a sessão "Sherlock Holmes", ou seja, um inédito e investigativo exercício para se traçar o perfil geral dos personagens em estudo. Alguns dos atores e atrizes se colocaram na frente do grupo para, logo a seguir, ser bombardeados por perguntas, as mais diversas possíveis, sobre o seu personagem: família, infância, trabalho, gostos, desejos, defeitos etc. Foi um exercício que deu o que falar... e rir também. Sorte nossa que gostamos de fazer teatro.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

... e assim se fez o verbo!


03 de junho - Turma B, registrando....
A expectativa para a aula de hoje era grande, pois pela primeira vez usaríamos a palavra. Sim, depois de três meses trabalhando o corpo, a voz, a consciência corporal e a sensibilização dos sentidos, chegou a vez da palavra ser dita e ouvida por todos. Agora que ossos, músculos, órgãos e sentidos foram acordados, colocados em estado de alerta e prontidão, cabe à palavra ocupar seu lugar, completando assim os recursos expressivos que o ator/atriz necessita para a sua atuação no palco. E essa novidade foi recebida com muita atenção e entrega, veja a foto acima. O exemplo que a Vera nos dar aí na foto acima, deixando-se cair de costas para ser amparada por outro, é o estado que se requer de alguém que busca por novas expressões e aceita os caminhos propostos. O novo é sempre um desajuste em algo já estalecido, fixado e conhecido. É um abismo desconhecido e sem manual ou guia de roteiro. É preciso muita coragem, desvencilhamento e confiança para experimentar e descobrir suas novas trilhas. O jogo do dia foi nessa rota, antes de se colocar as palavras nas cenas, todos os participantes se viram em meio a exercícios nunca antes feitos, cheios de obstáculos e dificuldades: individualmente, andar e depois correr de encontro ao grupo com os olhos fechados; passar entre as pessoas (fixas) em zig-zag com os olhos fechados e por último, deixar-se cair de costas para o outro pegar. Ufa, quanta a adrenalina! Mas o resultado... ah, foi tão visível nas cenas trabalhadas no palco. Viver é estar atento.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Quem é você no centro do jogo?


28 de maio - turma A, registrando...
Dia especial. Aniversário da Maria Lúcia, a homenageda por muitos no encontro de hoje. É, depois dos exercícios de consciência corporal e sensibilização dos sentidos, aquecimento vocal, cantos ( o Mané voltou e o Cabral ainda não convenceu), formação do bloco de personagens e a leitura da peça O pagador de Promessas, todas as atenções se voltaram para a nossa querida Malú Beijos, que não poupou lágrimas e sorrisos ao receber diversas homenagens: poesias, músicas, piadas e um "Parabéns a Você" com todos cantando em voz alta e bom tom ( viva o Mário Omura). E por falar em Omura, olha ele aí na foto, no centro da foto. O mesmo centro que cada um é no dia a dia e foi no exercício dado pela Mariana Orrico. O mesmo centro que todos devem ser no momento que saem do bloco ( o mesmo formado na aula anterior) e assume o seu personagem para depois formar um bloco maior, o da peça a ser encenada. Hoje também foi o encerramento desta fase de trabalhos do grupo, superando mais um obstáculos com o exercícios de reconhecimento de afinidades com o personagem a ser interpretado e sua relação com os outros personagens, que possibilitou a definição dos papéis que cada um irá fazer (só faltam definir dois ou três, mas para uma peça que tem 18 personagens até que a gente avançou bastante). No nosso próximo encontro o jogo derá outro, mas a atitude será sempre a mesma: pesquisar, reconhecer, contextualizar e encenar. Vamos a isso!

Na mesma sintonia: atenção e movimento


27 de maio - turma B - registrando...

Lado a lado sem se tocarem, sentindo a temperatura um do outro, atenção na respiração, percepção aguçada, sincronicidade no movimento e no objetivo. Essa é a turma B, sempre atenta e mergulhada nas propostas colocadas durante as aulas. O resultado: concentração, jogo, descontração, afinidade e diamantes sendo lapidados. Começamos com o chão desta vez. Sim, todos no chão, em círculo e com atenção voltada para o corpo: ossos, músculos, respiração, corrente sangüinea e audição. Com o olhar interno passamos por cada célula, molécula, órgãos, sistemas do corpo, instigando nossa percepção e atenção ao grupo, ao ambiente, ao todo daquele momento. Naturalmente os movimentos trabalhados individualmente, em duplas, trios e quartetos foram sendo executados como se todos pertencessem a um só corpo. Daí para o jogo foi só uma questão de minutos. Os exercícios de palco, elaborados a partir dos sentimentos descritos em textos próprios, chegaram ao seu final com o trabalho em quartetos. Dois grupos e o prazer do jogo em ação. Histórias criadas a partir dos sentimentos, emoções e vicenciadas corporalmente pelos participantes tiveram resultado totalmente satisfatório, sendo que, agora, chegou o momento de introduzir a palavra. Mas isso é coisa para a próxima aula. Até Lá.