segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sonho em esboço.

03 de junho - registrando...
Entramos em um novo momento do projeto. Temos um corpo em movimento, interno e externo. Esqueleto, musculatura, órgãos, pele, estruturas e sistemas foram estudados e reconhecidos. Respiramos em cada célula, sentimos cada toque, ouvimos cada vibraçao do ar, degustamos cada encontro, cheiramos o espaço e percebemos o outro. Juntamos corpos, disponibilidade, atenção e compreensão da atitude das quartas-feiras. Tivemos coragem de nos desafiar e compor cenas, dar entrevistas, tocar o outro, deitar, levantar, correr, ocupar espaço, dar espaço, criar coletivamente.
Agora, é levar isso tudo para um outro patamar sem se preocupar com níveis, graus. Simplesmente fazer. Temos um grupo e fundamentos iniciais para tocar novas empreitadas cênicas. E que empreitada, hein? Porém, sem achar que o que vem não nos cabe, não nos pertence. Faremos, na verdade, já estamos fazendo, a apropriação de palavras, gestos, situações, emoções daquilo que até então parecia distante. Como distante, se trata de nós seres humanos? Quem nunca chorou, riu, se questionou, se emocionou, duvidou, ficou em dúvida de um grande amor? Tudo nos é tão familiar.
Estou colocando, abaixo, um pouquinho do que vocês já estão produzindo, e percebam o quanto estão a vontade, compreendendo a situação, o jogo, o prazer de brincar cenicamente. É um primeiro passo, esboço de um de sonho a ser realizado, brevemente.
Na quarta-feira temos muito o que falar: TransMuDança, espetáculo assistido no Tusp, novas ações do Sonho...
Conto com vcs e sei que me darei bem nessa aposta.
Cauê Mattos

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Agora é a vez da Sara falar, digo, escrever.



Impressões

Quando iniciei minha participação nos encontros do grupo fui surpreendida com o acolhimento que recebi. Todos do grupo são muito amáveis.
As expectativas que eu criei foram superadas, isso é, o grupo foi além do que eu imaginava. Os exercícios propostos pelo diretor no início dos encontros são levados a sério e feitos por muitos levando ao limite do corpo, visto que nessa idade os movimentos não são tão rápidos e o corpo não tão flexível, mas todos querem superar as limitações físicas trazidas com a idade, lógico que respeitando o corpo.
Eles me parecem como crianças amadurecidas, cada um com sua característica, então há os que gostam de falar, os que gostam de aparecer, os tímidos, os quietos, etc. Mas todos sabem para que estão ali, é uma unidade buscando se descobrir na arte.
Quando o diretor propôs a eles que fizessem uma intervenção num lugar público, a maioria ficou acanhado, mas com um olhar de alegria e empolgação, e foi com um “estamos aqui para isso” que um dos integrantes disse, que todos os outros se soltaram e colocaram a favor da proposta. Seria uma superação para muitos, e ao invés deles se retraírem eles querem se superar e abraçaram a idéia.
Durante um ensaio foi proposta uma cena improvisada, onde os integrantes estavam divididos em dois grupos. Cada grupo fez sua apresentação e ao final o diretor pediu que em cima dessa improvisação fosse pensado em algo mais elaborado para outra semana, com o título “Isso tem sentidos” . O grupo certamente discutiram durante a semana e trouxeram para o encontro seguinte as cenas prontas. São cenas lindas, “cheia de sentidos” que claro estão esboçados ainda, mas que se bem trabalhados serão muito adequados para uma intervenção na rua.
Outro ponto que está sendo trabalhado no grupo é sobre o teatro elizabethano. Em um dos encontros o diretor propôs que fosse feito uma montagem de uma peça do Shakespeare, mas que antes os atores da terceira idade fizessem uma pesquisa a cerca do tema. Dessa forma eles teriam que conhecer a estrutura física do teatro daquela época, o tema das peças, o estilo de cenário e figurino, a vida e obra de Shakespeare, que foi o nome de maior destaque da época.
Os integrantes se dividiram em dois grupos: história do teatro elizabethano e cenário, e figurino. Eles buscaram as informações em livros e sobretudo na Internet, já que para a maioria o computador não é um “monstro”. Eles apresentam facilidade no uso da Internet. Isso para mim é muito interessante pois até então tinha o preconceito de que velhinhos não sabiam usar o computador.
De forma geral está sendo de grande valia participar dos encontros, é muito gratificante trabalhar com a terceira idade e o que mais espero é que este estágio seja um momento de troca, onde eu colabore com o grupo e que o grupo me traga boas experiências.


Por Sarah Virgínia Braga