Pérolas aos poucos!
Muitas vezes trabalhamos com recursos, fontes, referências literárias prontas, escritas e definitivas. E isso nos dá uma certa tranquilidade para desenvolver a linguagem artística pretendida, pois, de certa forma, fica mais fácil de conduzir nossa compreensão sobre aquilo que está sendo proposto no texto, havendo aí direcionamento, sugestão. Mas o que dizer de quando a gente busca extrair esse conteúdo de outra linguagem, sem conhecimento prévio nem acordos pré-estabelecidos? Surpresa, prontidão, atenção e muitas descobertas acabam acontecendo e sugerindo uma nova fonte de possibilidades. Foi isso que aconteceu no nosso encontro do dia 20 de agosto; a música do José Miguel Wisnik nos sugerindo, nos suscitando a reconhecer sua "poesis" lânguida e imagética por meio de movimentos corporais novos, inusitados e inéditos. Um jogo de transformação de energias, do físico sonoro para o corpo biológico, com queima de enzimas, calorias e o prazer de construir algo a partir da escuta, da observação. A vida é assim mesmo, cheio de oportunidades e possibilidades de revelação. Só é preciso estar atento, com os canais da percepção abertos e se deleitar do resultado. Ela, a vida, é sempre um estado de chamamento para o qual devemos estar sempre prontos, não é mesmo Malu?
Vendo tudo isso do ponto de vista que me coloco, do ponto de observação no qual estou, sinceramente não sinto que teremos dificuldade de realizar nossas intervenções urbanas. Mas ainda falta mais jogo, vamos trabalhar.
Eu chamei alguns e outros se sentiram chamados para a leitura da peça, a primeira leitura no semestre da peça O Pagador de Promessas. Fluiu fluente as falas e a concentração... É, é preciso paciência para chegar a nossa vez, que no entanto, é a vez de todos. Não há um indivíduo isolado no fazer teatral, somos todos um. Agora aguardo a chegada da quarta-feira para experimentar a pesquisa realizada em casa. Até lá!